Indústria de games web3 mostra sinais de recuperação com novos lançamentos, entrada de talentos e captação em alta
Depois de um 2025 marcado por cortes de orçamento e projetos paralisados, o ecossistema de jogos baseados em blockchain dá sinais claros de retomada. Relatórios recentes apontam aumento na captação de recursos no terceiro trimestre, sugerindo uma virada de chave: da fase de pura especulação para um ciclo de construção e adoção mais consistente [1]. Esse movimento é impulsionado por lançamentos que priorizam jogabilidade e por um influxo de desenvolvedores em redes como Ethereum, Solana e Bitcoin, de acordo com dados da Electric Capital [2].
Depois do tropeço de 2025
A DappRadar classificou o último ano como desafiador para o financiamento de games web3, cenário que impactou tanto estúdios independentes quanto projetos de grande porte. A retomada recente, porém, indica que o mercado começa a precificar melhor modelos de negócio, métricas de engajamento e a qualidade do produto — em vez de apostar exclusivamente em promessas de rendimentos.
Para além do “play-to-earn”
A primeira onda do setor foi dominada pelo modelo play-to-earn (P2E), que atraiu atenção, mas enfrentou críticas sobre sustentabilidade econômica e experiência de jogo. A nova safra prioriza diversão e UX, integrando propriedade digital e economias in-game de forma mais orgânica. Em paralelo, parcerias como a de Dubai com a rede DePIN peaq para regular a “economia das máquinas” — que combina robótica on-chain, IA e tokenização de ativos do mundo real — ampliam o leque de casos de uso e podem irradiar benefícios para o setor de games [3].
Brasil no mapa dos games web3
Para o investidor brasileiro, o segmento volta a despontar como fronteira de crescimento — ainda que com riscos elevados. A popularidade histórica dos jogos no país, somada ao interesse em cripto e NFTs, cria um terreno fértil para a adoção. Tokens de jogos, infraestruturas de blockchain e plataformas de metaverso ganham tração, desde que sustentados por equipes sólidas, inovação real e modelos de receita testáveis.
O que ainda trava a adoção
A escalabilidade das redes, a experiência de uso de carteiras e transações, além da necessidade de educação do público, seguem como barreiras. A complexidade de algumas mecânicas e a curva de aprendizado podem afastar iniciantes. A resposta do setor tem sido focar em UX, fricção mínima na entrada e benefícios tangíveis da blockchain — como verdadeira propriedade de itens, interoperabilidade e economias impulsionadas pela comunidade.
Perspectiva
Com captação em recuperação, pipeline de lançamentos mais maduros e uma base crescente de desenvolvedores, os jogos em blockchain entram em um novo ciclo: menos ruído financeiro e mais entrega de produto. Se o setor mantiver a ênfase em diversão, acessibilidade e utilidade da tecnologia, o caminho para uma adoção mais ampla fica nítido — e o Brasil tende a ser um mercado-chave nessa virada.