A chegada do Drex, a versão digital do real, reacendeu o debate sobre privacidade e monitoramento financeiro no Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se pronunciou recentemente sobre o tema, buscando tranquilizar a população e investidores ao reforçar o compromisso do governo com a proteção de dados.
O que é o Drex
Em fase de testes e com previsão de lançamento para 2029, o Drex é a moeda digital do Banco Central (CBDC), alinhada a iniciativas semelhantes como o euro digital, planejado pelo Banco Central Europeu. O objetivo é modernizar pagamentos, aumentar a eficiência do sistema financeiro e expandir a inclusão digital.
Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), o Drex não substituirá o dinheiro físico nem servirá como instrumento de vigilância da população. Seu foco inicial será em transações de atacado e liquidação entre instituições financeiras.
O ponto sensível: a privacidade
Apesar das garantias oficiais, as dúvidas permanecem. Em fevereiro de 2025, o próprio BCB admitiu que a primeira etapa de desenvolvimento do Drex enfrentou desafios relacionados à privacidade e proteção de dados. Essa constatação levou o projeto, atualmente em sua fase 3, a priorizar a garantia de crédito, mas sem abandonar a busca por soluções que reforcem a segurança das informações dos usuários.
Nos Estados Unidos, alertas sobre riscos de concentração de poder e vigilância em projetos de CBDCs reforçam a importância de um debate transparente também no Brasil.
O que muda para os cidadãos e investidores
Especialistas lembram que o rastreamento de transações já existe nos meios de pagamento atuais em casos de investigações ilícitas. A questão central não é se o governo pode rastrear, mas como e em quais circunstâncias esse processo ocorrerá, além das salvaguardas legais que devem ser estabelecidas.
Para investidores, o equilíbrio entre inovação e privacidade é crucial. A moeda digital pode oferecer maior eficiência e segurança, mas a percepção de monitoramento excessivo pode afastar aqueles que priorizam a autonomia financeira. Tecnologias como a prova de conhecimento zero (ZKP) surgem como possíveis soluções, permitindo validar transações sem expor dados sensíveis.
Um projeto que exige confiança
O Drex tem potencial para transformar o sistema financeiro nacional, impulsionar a inovação e promover a inclusão digital. No entanto, sua aceitação dependerá da capacidade do governo e do Banco Central em construir confiança junto à população.
A transparência regulatória, a comunicação clara e a adoção de tecnologias de proteção de dados serão determinantes para que o real digital seja incorporado com sucesso ao dia a dia dos brasileiros e dos mercados de investimento.