Tecnologia amplia a proteção no ecossistema cripto, mas também potencializa ataques cada vez mais sofisticados
A inteligência artificial (IA), celebrada como uma das maiores forças de inovação para a Web, tornou-se uma arma de dois gumes no universo dos ativos digitais. Enquanto reforça a detecção de vulnerabilidades em smart contracts e aprimora mecanismos de defesa, também tem sido usada por criminosos para arquitetar golpes mais convincentes, como deepfakes e campanhas de phishing altamente personalizadas. Para o investidor brasileiro, essa nova dinâmica evidencia um cenário em que a fronteira entre inovação e ameaça se torna cada vez mais estreita.
IA como ferramenta de ataque: a nova geração dos exploits
O ano de 2025 registrou um aumento alarmante nos hacks envolvendo criptomoedas, com perdas que ultrapassaram US$ 3,1 bilhões. Parte dessa escalada está ligada ao uso de modelos de IA treinados especificamente para identificar falhas em smart contracts. Em testes recentes, agentes automatizados conseguiram executar exploits em contratos com vulnerabilidades reais, inaugurando uma era de ataques mais rápidos, precisos e difíceis de prever.
Essa evolução representa um desafio adicional para o ecossistema Web3: a auditoria manual de código, antes suficiente para mitigar riscos, já não acompanha o ritmo da automação maliciosa. Uma das fragilidades mais exploradas envolve oráculos de preço, fontes externas de informação utilizadas por smart contracts. Com auxílio da IA, golpistas conseguem manipular esses dados e redirecionar fundos de forma silenciosa e eficiente.
IA como escudo: defesa inteligente e prevenção proativa
Se a IA cria novos riscos, também impulsiona o desenvolvimento de ferramentas de defesa mais robustas. Empresas de cibersegurança e plataformas Web3 usam modelos avançados para processar milhões de registros e relatórios de ameaça, permitindo identificar padrões maliciosos e antecipar ataques antes que ocorram.
A análise automatizada de vulnerabilidades em smart contracts, guiada por machine learning, se tornou uma das áreas mais promissoras do setor. Para o usuário final, wallets e serviços que integram scanners de IA oferecem alertas sobre tentativas de phishing, deepfakes e transações suspeitas em tempo real, uma camada adicional de proteção em um ambiente que evolui velozmente.
Educação e vigilância: o novo papel do investidor
A ascensão da IA na Web3 amplia não apenas desafios tecnológicos, mas também a responsabilidade do usuário. Para o investidor brasileiro, a mensagem central é clara: proteger ativos digitais é uma tarefa compartilhada entre plataformas e indivíduos.
Investir não é suficiente; é preciso compreender riscos e reconhecer novas táticas de fraude. Deepfakes de figuras públicas e clonagem de voz, por exemplo, estão cada vez mais realistas e exigem verificação cuidadosa de fontes e comunicações. A promessa de autonomia da Web3 vem acompanhada da necessidade de agir como o próprio banco, e agora, como seu próprio analista de segurança.
À medida que a IA eleva o nível tanto dos ataques quanto das defesas, conhecimento, cautela e boas práticas se tornam as armas mais valiosas para navegar esse cenário em transformação.
